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O Alarmante Repatriamento de Crianças para um Afeganistão em Crise Humanitária

Save The Children denuncia que uma criança é forçada a voltar ao Afeganistão a cada 30 segundos, destacando a gravidade da crise que atinge metade da população.

11/08/2025 00:10
O Alarmante Repatriamento de Crianças para um Afeganistão em Crise Humanitária

A organização Save The Children chamou a atenção para a alarmante realidade de que uma criança é repatriada para o Afeganistão a cada 30 segundos, enfatizando que muitos destes menores estão a tomar este caminho sozinhos, num país que enfrenta uma grave crise humanitária.

Com base em dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), a ONG revelou que mais de 800 mil crianças cruzaram as fronteiras do Irão e do Paquistão rumo ao Afeganistão este ano, sendo que 75% delas se originaram no Irão.

Este aumento alarmante representa o dobro do registado no ano anterior, coincidindo com a imposição de prazos por parte dos países vizinhos para a saída de migrantes e refugiados sem documentos.

Após a volta dos talibãs ao poder em 2021, milhões de afegãos tiveram de abandonar o país. Agora, os Estados vizinhos alegam que a pressão sobre os serviços básicos e as comunidades de acolhimento é insuportável, e têm tomado medidas para repatriar migrantes.

A ONG expressa a sua profunda preocupação relativamente ao bem-estar das crianças nesta nova onda de migração, onde milhares atravessam a fronteira sem a companhia de pais ou tutores, levando consigo apenas algumas roupas e documentos.

Um exemplo dramático é o de Omid, um menino de 12 anos que foi forçado a deixar o Paquistão com os seus nove irmãos. "Eu estava numa escola quando meu pai disse que tínhamos de sair. Fizemos as malas de pressa e entrámos num camião com outras pessoas”, recorda, revelando as dificuldades enfrentadas durante a viagem.

O pai de Omid, Feroz, partilha a dor da família, que saiu do Paquistão "de mãos vazias e corações partidos”. Atualmente, vivem sem casa e sem meios para se sustentar: "Perdemos tudo. Foi como fugir de um incêndio,” desabafa.

Antes da recente escalada no retorno ao Afeganistão, quase metade da população já necessitava de ajuda humanitária, com 20% das crianças a enfrentar níveis críticos de fome. Além disso, muitas crianças estão a ser forçadas a abandonar os seus lares devido a catástrofes climáticas.

A diretora de Estratégia da Save the Children no Afeganistão, Samira Sayed Rahman, alerta que o atual ritmo de repatriamento é sem precedentes e que o país está à beira de uma enorme crise humanitária, exacerbada pela redução da ajuda internacional.

A organização apela a um stop às repatriações forçadas, sublinhando que tal pode aumentar o risco de exploração e negligência, especialmente para crianças sem tutores. Além disso, pede mais apoio financeiro da comunidade internacional para atender as crescentes necessidades dos que chegam ao Afeganistão.

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