ONU apela à suspensão das expulsões de afegãos para o seu país natal
A ONU exorta nações a interromperem a repatriação forçada de afegãos, após Argentina expulsar 81 cidadãos condenados, destacando o risco de violação dos direitos humanos.

O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, reiterou a necessidade urgente de cessar o repatriamento compulsório de todos os refugiados e solicitantes de asilo afegãos, especialmente aqueles sob ameaça de perseguição. A porta-voz das Nações Unidas, Ravina Shamdasani, fez estas declarações durante uma conferência de imprensa em Genebra.
Shamdasani sublinhou que este é um momento crucial de solidariedade com o povo afegão, citando a situação "particularmente difícil" que se vive no país desde que os talibãs reassumiram o controlo em agosto de 2021.
A ONU expressou preocupações sobre as potenciais violações de direitos humanos que os afegãos podem enfrentar após o seu regresso e pediu que os países garantam que os retornos sejam "voluntários, seguros, dignos e em conformidade com o direito internacional".
A organização já havia dado conta da sua oposição às expulsões de afegãos, como foi o caso mencionado pela Alemanha no início de julho, e apelou a um aumento de recursos para acolher a crescente onda de refugiados que estão a ser forçados a regressar do Irão e do Paquistão.
O governo alemão decidiu expulsar 81 afegãos que foram condenados por tribunais, refletindo o endurecimento da política de imigração do chanceler Friedrich Merz.
Nas últimas décadas, o Paquistão e o Irão acolheram milhões de afegãos em fuga devido a conflitos e invasões, mas estes refugiados, frequentemente acusados de incrementar a criminalidade, enfrentam processos de expulsão acelerados.
De acordo com a ONU, mais de 1,9 milhões de afegãos regressaram do Irão e do Paquistão para o Afeganistão nos últimos sete meses. Entre os expulsos estão jornalistas e ex-funcionários do governo anterior, que estão vulneráveis a represálias no seu país de origem.