ONU denuncia aumento da repressão no Irão após conflito com Israel
A repressão no Irão aumentou desde a guerra com Israel em junho, com sérias violações dos direitos de jornalistas e minorias, de acordo com a ONU.
 
          
          
        De acordo com uma comissão de inquérito da ONU, o Irão tem vindo a intensificar a repressão desde o início do conflito com Israel em junho. Sara Hossain, chefe da missão internacional independente de apuração de factos sobre o Irão, destacou que desde março deste ano houve uma acentuada deterioração dos direitos humanos no país.
A responsável sublinhou que as consequências da guerra ampliaram a limitação do espaço cívico, comprometendo o direito ao devido processo e a proteção da vida. “Durante os doze dias de hostilidades, mais de 21 mil pessoas foram detidas pelas autoridades, incluindo advogados, defensores dos direitos humanos, e jornalistas que simplesmente reportaram os acontecimentos”, afirmou Hossain perante a Assembleia Geral da ONU.
Ela realçou ainda que a repressão contra minorias étnicas e religiosas tem sido exacerbada sob a justificativa da segurança nacional. “O governo iraniano continua a desativar os cartões SIM de jornalistas, restringindo ainda mais a liberdade de expressão”, acrescentou.
Além disso, a responsável revelou que a repressão não se limita ao território iraniano, com relatos de que mais de 45 jornalistas em sete países estão a enfrentar ameaças devido à sua cobertura dos eventos no Irão. Esta nova onda de repressão não é um caso isolado, mas partilha semelhanças com a repressão violenta dos protestos de 2022, que se seguiram à morte de Mahsa Amini.
Hossain também expressou preocupação com o alarmante aumento de execuções, afirmando que mais de 1.200 pessoas foram executadas desde o início do ano, superando o total de 2024, que já era considerado um recorde desde 2015.
A missão da ONU ainda investigou os ataques israelitas à prisão de Evin, onde preliminarmente se conclui que os ataques atingiram edifícios civis, não legítimos como alvos militares, sugerindo uma intenção deliberada. As autoridades iranianas falharam em tomar medidas adequadas para proteger os detidos durante esses ataques, e muitos familiares ficaram sem notícias por longos períodos.