Sobreviventes da bomba atómica no Japão expressam indignação contra planos de testes nucleares dos EUA
A organização Nihon Hidankyo, laureada com o Nobel da Paz 2024, criticou veementemente a decisão dos EUA de retomar testes nucleares, acusando-a de violar a busca por um mundo sem armas.
A organização Nihon Hidankyo, constituída por sobreviventes da bomba atómica e premiada com o Nobel da Paz de 2024, manifestou o seu desagrado pelo recente anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ordenou ao Departamento de Guerra o reinício dos testes de armas nucleares. Para a Hidankyo, esta decisão é "absolutamente inaceitável" e representa uma afronta aos esforços globais pela paz.
O anúncio de Trump coincidiu com um teste nuclear proposto por Vladimir Putin, presidente da Rússia, com um drone submarino, o que aumentou a tensão a nível internacional. A organização japonense enviou uma carta de protesto à embaixada dos EUA, afirmando que a ordem do presidente norte-americano contraria o desejo mundial por um mundo livre de armas nucleares.
Na cerimónia de entrega do Nobel da Paz do ano passado, os representantes da Hidankyo fizeram um apelo à abolição das armas nucleares, recordando os horrores que as bombas lançadas sobre Hiroxima e Nagasaki em 1945 causaram, resultando na morte de mais de 200 mil pessoas. Os sobreviventes, conhecidos como 'hibakusha', enfrentaram ao longo da vida graves traumas físicos e psicológicos, bem como discriminação.
Outras duas associações de sobreviventes, com sede em Hiroxima, também se juntaram ao protesto, exigindo a suspensão de qualquer teste nuclear. O Congresso de Hiroxima Contra as Bombas Atómicas e de Hidrogénio (Hiroshima Gensuikin) e a Federação da Prefeitura de Hiroshima das Vítimas da Bomba Atómica sublinharam que "numa guerra nuclear, não há vencedores nem vencidos, mas toda a humanidade perde".
O presidente da Câmara de Nagasaki, Shiro Suzuki, condenou a decisão de Trump, realçando que esta desrespeita a memória de todos aqueles que lutam por um mundo livre de armas nucleares, questionando ainda a adequação de Trump ao Prémio Nobel da Paz. Embora na terça-feira tenha sido anunciado que a nova primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, manifestou o desejo de nomear Trump para o Prémio Nobel da Paz de 2026, a comunidade internacional continua a exigir um compromisso sério na luta pela paz.
Os Estados Unidos não realizam testes nucleares desde 1992, e o regresso a esta prática levanta preocupações sobre a escalada de tensões globais.