Teatro Experimental de Cascais apresenta 'O Encoberto' de Natália Correia com nova encenação
O TEC marca o início de mais uma temporada com a peça "O Encoberto", de Natália Correia, dirigida por Ana Nave, abordando temas atuais de divisão social e responsabilidade cívica.

O Teatro Experimental de Cascais (TEC) realiza, na próxima sexta-feira, a estreia da peça "O Encoberto", escrita por Natália Correia e com encenação de Ana Nave. Esta produção representa a 186.ª criação da companhia, a qual foi fundada por Carlos Avilez.
A encenadora destaca a relevância da obra neste momento sociopolítico em que "vivemos numa sociedade fragmentada, marcada por discursos de ódio", enfatizando a urgência de ação por parte de todos, em vez de esperar por um salvador que restaure a honra coletiva.
Quase meio século após a primeira encenação de Carlos Avilez, a peça regressa ao palco, refletindo sobre a necessidade de os cidadãos se responsabilizarem ativamente na sua história. Ana Nave acrescenta que "O Encoberto" apresenta uma narrativa cíclica, que fala diretamente sobre um Portugal que se recusa a reconhecer a sua realidade, além de criticar uma classe elitista obcecada pelo lucro.
Originalmente publicada em 1969, durante a repressão do Estado Novo, a obra foi censurada pela PIDE e só viu a luz do dia em 1977, três anos após a Revolução dos Cravos. O enredo aborda a figura de Bonami, um rei que se disfarça de D. Sebastião, trazendo à tona a ilusão de um povo que, teimosamente, se recusa a confrontar a verdade, assim como uma falsa nobreza.
O texto inclui, ainda, um prólogo de Miguel Graça, que realça o conceito de "Mátria" de Correia, promovendo a união e o amor ancestral das mulheres, fundamentais para um mundo onde a paz e a equidade prevaleçam.
A encenação é enriquecida por uma equipa criativa que inclui cenografia e figurinos de Fernando Alvarez, iluminação de Tassos Adamopoulos, música original de Manuel Paulo e coreografia de Rita Spider. No elenco, destacam-se Luiz Rizo, Sérgio Silva, Teresa Côrte-Real, além de alunos finalistas da Escola Profissional de Teatro de Cascais.
A peça estará em cena até 27 de julho, com sessões agendadas de terça a sábado, às 21 horas, e ao domingo, às 16 horas.
Paralelamente, o TEC continua a aceitar candidaturas para a 3.ª edição do concurso de Texto de Teatro, que premiará uma nova peça em língua portuguesa abordando a identidade. As obras, enviadas sob pseudónimo, poderão ser entregues no Teatro Municipal Mirita Casimiro ou enviadas pelo correio. O vencedor receberá 5.000 euros pela Fundação D. Luís e a peça será apresentada em 2026. Os detalhes sobre o autor e a obra premiada serão divulgados a 7 de dezembro, nas plataformas do TEC.