Mundo

Tensão em Torre Pacheco: Distúrbios contra imigrantes marcam os últimos dias

A cidade de Torre Pacheco assiste a ondas de violência e detenções, após a agressão a um idoso por jovens marroquinos, alimentando o discurso anti-imigração.

15/07/2025 18:15
Tensão em Torre Pacheco: Distúrbios contra imigrantes marcam os últimos dias

Nos últimos dias, a localidade de Torre Pacheco, situada na região de Múrcia, Espanha, tem sido palco de intensos confrontos relacionados a mobilizações contra imigrantes, resultando em múltiplas detenciones e um clima de extremo nervosismo.

Até ao momento, as autoridades reportam 13 detenções, com as forças de segurança a terem apreendido diversos objetos que poderiam ser utilizados como armas. A situação continua a ser tensa, com já cinco feridos resultado dos tumultos e mais de 120 indivíduos identificados, muitos dos quais não residem na região.

O início dos distúrbios remonta ao final da semana passada, após um apelo de grupos extremistas à "caça" de imigrantes, desencadeado por uma manifestação pacífica em resposta à agressão de um idoso de 68 anos, perpetrada por jovens de origem marroquina.

A manifestação, que reuniu cerca de 500 pessoas, foi rapidamente capitalizada por grupos nacionalistas que por sua vez incitaram ao ataque a imigrantes. O coronel chefe da Guarda Civil de Múrcia, Francisco Pulido, referiu-se a estes eventos como a expressão máxima de um discurso de ódio que tem como alvo a comunidade imigrante.

As autoridades políticas, inclusive do partido Podemos, criticaram a situação, acusando a extrema-direita, nomeadamente o partido Vox, de aproveitarem a agressão para fomentar uma onda de violência indiscriminada contra os imigrantes. A posição do Vox é clara, com o seu líder, Santiago Abascal, a exigir deportações em massa de imigrantes, enquanto outros dirigentes associam a imigração a um aumento da insegurança nas comunidades locais.

Em resposta à escalada de violência, líderes religiosos da mesquita local reuniram-se com jovens marroquinos, pedindo-lhes que evitassem conflitos e que se mantivessem em casa para não alimentarem ainda mais a tensão. Um porta-voz da comunidade ressaltou a importância da paz e do trabalho das forças policiais.

A agressão ao idoso, Domingo, que saía para a sua habitual caminhada, foi descrita por ele como um ataque despropositado, sem qualquer motivo aparente, sublinhando que não houve roubo, mas sim um desejo de violência. Domingo também esclareceu que as imagens divulgadas por certas contas associadas à extrema-direita não o representavam.

O Ministério Público da região de Múrcia já anunciou a abertura de uma investigação às declarações feitas por políticos locais, com a esperança de que esta situação não escale ainda mais e que a comunidade possa retomar a normalidade.

#TorrePacheco #Xenofobia #ViolênciaInaceitável