Viticultores do Douro manifestam-se em Lisboa para pedir apoio governamental
Uma delegação de viticultores do Douro parte para Lisboa na quarta-feira em busca de soluções imediatas para a crise que afeta a região, conforme anunciado pela Confederação Nacional da Agricultura.

No próximo dia 4, uma delegação composta por viticultores e representantes de associações do Douro deslocar-se-á a Lisboa para solicitar ao primeiro-ministro "soluções urgentes" para a crise que assola a Região Demarcada do Douro. Esta informação foi divulgada pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
A delegação terá como ponto de encontro a Assembleia da República, seguido de uma visita à residência oficial do primeiro-ministro. Os produtores estão preocupados com o escoamento da uva nesta vindima, temendo preços muito baixos, enquanto os comerciantes alertam para estoques excessivos e quedas nas vendas de vinho.
A ação em Lisboa visa entregar uma moção que foi aprovada no dia 2 de julho, em Peso da Régua, no distrito de Vila Real, durante uma manifestação destinada a chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos viticultores da região. A CNA sublinha que, apesar de o Governo já ter reconhecido a existência de problemas e ter anunciado algumas medidas, a situação crítica dos pequenos e médios produtores exige soluções mais abrangentes.
Na Régua, destacou-se a realidade dos produtores que, enfrentando um aumento significativo nos custos de produção, ainda vendem a uva pelos preços de há 25 anos. Na moção aprovada, os viticultores rejeitam que a quota de benefício para 2025 seja inferior à de 2024.
No ano transato, a quantidade de mosto destinada à produção de vinho do Porto foi de 90.000 pipas em 2024, comparando-se com 104.000 pipas em 2023. Para o próximo, foi proposta uma redução para apenas 68.000 pipas, o que gerou descontentamento na região.
Além do estabelecido, os viticultores pedem ainda que o Estado defina preços mínimos para as uvas e proíba a compra abaixo dos custos de produção. É solicitada também a prioridade no uso da aguardente regional na produção de vinho generoso, com o intuito de escoar a produção de uvas da RDD, e o fortalecimento da Casa do Douro para estabilizar os estoques por meio da aquisição e armazenamento de excedentes.
O documento apresentado também clama por uma fiscalização rigorosa sobre a importação de mostos e vinhos de fora da região, além de medidas imediatas de gestão de crise. Entre estas, destaca-se a possível compra de excedentes de vinho das adegas cooperativas pelo Estado, o que ajudaria a refrescar os estoques na Casa do Douro e a implementar apoios extraordinários para compensar as perdas dos viticultores.
Entretanto, o Ministério da Agricultura e Mar apresentou um plano de ação para a valorização e gestão sustentável da viticultura na RDD. O objetivo é abordar a diminuição de excedentes, ajustar o potencial produtivo e reforçar a criação de valor. Este documento, que receberá contribuições do IVDP e dos autarcas da região, deverá estar finalizado em agosto, coincidente com o início da vindima.
Uma das possíveis soluções a considerar é a utilização de "uvas para vinho a destilar", com o intuito de reduzir os excedentes na RDD e garantir um rendimento mínimo aos viticultores. Contudo, devido à incerteza quanto à adesão dos produtores, a quantidade de uvas a destilar e o montante final, esta medida ainda está a ser ajustada, sendo operacionalizada pelo IVDP mediante um contrato prévio entre viticultor, vinificador e destilador, com candidaturas até 15 de setembro.