AIE alerta para risco de excesso de oferta com aumento da produção da OPEP+

No mais recente relatório mensal sobre o mercado do petróleo, a Agência Internacional de Energia (AIE) reduziu ligeiramente as suas expectativas de consumo global para uma média de 103,737 milhões de barris por dia em 2025, o que representa uma diminuição de 20.000 barris em comparação com as estimativas de julho.

Esse ajuste implica um crescimento anual de 685.000 barris por dia em 2025, em contraste com os 860.000 barris projetados para 2024.

Para o ano de 2026, a AIE antecipa um aumento para 104,436 milhões de barris por dia, um acréscimo de 699.000 barris diários face a 2025.

O relatório salienta que a procura de petróleo no segundo trimestre deste ano cresceu apenas 600.000 barris por dia em relação ao mesmo período de 2024, o que representa o aumento mais modesto do último ano. Esta desaceleração é atribuída ao menor consumo nas economias emergentes, levando a uma reavaliação das previsões para países como China, Brasil, Egito e Índia.

Por outro lado, o setor da aviação destaca-se por um desempenho robusto durante o verão nos Estados Unidos e na Europa, prevendo-se um crescimento da procura de querosene de 2,1% em 2025, o valor mais elevado entre os derivados de petróleo. No entanto, mesmo com esta expectativa, a necessidade de produção de querosene em 2023 será de 7,7 milhões de barris por dia, 180.000 barris abaixo do pico histórico de 2019, antes da pandemia de covid-19.

No que diz respeito à recente decisão da OPEP+ de elevar a produção em 547.000 barris por dia a partir de 1 de setembro, a AIE considera que essa decisão terá um impacto marginal sobre outros produtores. De fato, a agência aumentou as suas previsões de produção total em 370.000 barris por dia para este ano, correspondendo ao que será adicionado pelos membros da OPEP+.

As projeções para 2026 também foram corrigidas para cima, com um aumento de 620.000 barris por dia, dos quais 520.000 provêm da OPEP+. A diferença será compensada principalmente pelos Estados Unidos, consolidando ainda mais a sua posição como principal produtor mundial de petróleo.

Em suma, espera-se que este ano o mercado receba 105,5 milhões de barris por dia, ou seja, 2,5 milhões de barris a mais do que em 2024. Apesar da decisão da OPEP+, a maioria deste crescimento (1,3 milhões de barris por dia) resultará de outros países produtores, especialmente Estados Unidos, Canadá, Brasil e Guiana.

Este cenário deverá repetir-se em 2026, com uma produção projetada de 107,4 milhões de barris por dia, um aumento anual de 1,9 milhões de barris, dos quais um milhão provirá de fora da OPEP+.

Por fim, a AIE alerta que "os equilíbrios do mercado petrolífero parecem cada vez mais desequilibrados, já que a oferta prevista supera amplamente a demanda no final do ano e em 2026". A agência também menciona que outros fatores, como as sanções recentes da União Europeia e dos Estados Unidos contra a Rússia e o Irão, podem influenciar esta situação, visto que ambos são grandes produtores de petróleo.

A conclusão da AIE é clara: "apesar de ser prematuro para determinar as implicações das últimas decisões políticas divergentes, verifica-se que algum ajuste será necessário para restaurar o equilíbrio no mercado".