Cabo Verde apela à união lusófona no combate à desinformação digital
Cabo Verde pede colaboração entre países lusófonos para atualização das leis e combate à desinformação, especialmente em períodos eleitorais, visando uma comunicação mais eficaz.

Cabo Verde lançou um apelo a uma colaboração entre os países de língua portuguesa, incluindo os africanos e Timor-Leste, para atualizar as legislações e enfrentar a desinformação digital, em particular durante os períodos eleitorais. Arminda Barros, presidente da Autoridade Reguladora para a Comunicação Social (ARC), destacou a necessidade urgente de respostas sólidas que melhorem a qualidade da informação.
Durante uma conferência na Praia, no âmbito da Plataforma de Entidades Reguladoras da Comunicação Social (PER), Barros sublinhou que a campanha para as eleições autárquicas de dezembro de 2024 em Cabo Verde evidenciou problemas sérios de desinformação que afetaram as candidaturas, reforçando a necessidade de uma resposta adequada.
"É essencial que os países lusófonos invistam na revisão do quadro legal. A comunicação social enfrenta novos desafios e é imperativo que melhore em qualidade e competência", afirmou Barros.
A ARC planeia em 2024 estabelecer um centro de verificação de factos, em colaboração com a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), a Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (Ajoc) e várias organizações de mídia do país, como resposta à desinformação.
A responsável comentou que, embora Portugal tenha um ambiente regulamentar mais sólido devido às diretivas da União Europeia, a realidade em Cabo Verde exige uma evolução rápida das normas.
O novo centro visa ser uma entidade independente dedicada à promoção da literacia mediática e à responsabilização na divulgação de informações. Serão empregues tecnologias avançadas, incluindo inteligência artificial, desenvolvidas em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), para garantir respostas ágeis à desinformação.
A ARC tem vindo a desenvolver campanhas de sensibilização nas escolas para potenciar a literacia mediática, complementando o seu trabalho com um projeto piloto que obteve resultados positivos durante as eleições anteriores.
A conferência da PER, que termina na quarta-feira, discute o tema "democracia, media e plataformas digitais" e conta com a participação de reguladores dos meios de comunicação de países como Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Cabo Verde, que partilham experiências e reflexões sobre os desafios que enfrentam.