China apela à união na regulação da inteligência artificial frente aos riscos
O governo chinês faz um apelo por um consenso global sobre os riscos da inteligência artificial, enquanto os EUA impulsionam o desenvolvimento irrestrito da tecnologia.

No âmbito da abertura da Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC) em Xangai, o primeiro-ministro da China, Li Qiang, enfatizou a necessidade de equilibrar o crescimento da inteligência artificial (IA) com a mitigação dos seus riscos. Durante o evento, Li pediu uma governança adequada e uma partilha de recursos para promover a cooperação internacional na área da IA, sublinhando que os desafios éticos levantados pela tecnologia exigem uma resposta coordenada à escala global.
A sua declaração surge num momento em que a rivalidade entre os Estados Unidos e a China se intensifica em torno do tema da IA. Esta semana, o ex-Presidente norte-americano Donald Trump apresentou um plano que visa acelerar o desenvolvimento dos modelos de IA nos EUA e no estrangeiro, ao mesmo tempo que minimizou as preocupações em torno dos riscos associados à tecnologia. Trump declarou: "Não deixaremos que nenhuma outra nação nos vença" na competição por inovação em IA, afastando-se da abordagem mais cautelosa do seu antecessor Joe Biden.
Li Qiang anunciou, ainda, a criação de um novo organismo destinado a facilitar a colaboração internacional em IA, embora tenha omitido pormenores sobre a sua estrutura e sede, que se espera que seja em Xangai. Este corpo deve "promover a governação global e garantir que os benefícios da IA sejam partilhados", segundo a agência de notícias estatal Xinhua.
O aumento da adoção da IA em diversos sectores levanta questões éticas complexas, incluindo o impacto no mercado de trabalho e o risco da desinformação. O Prémio Nobel da Física, Geoffrey Hinton, que participou na conferência, usou uma metáfora poderosa para descrever a situação atual: "Ter um tigre bebé em casa", alertando que, para garantir a segurança, é preciso garantir que se possa controlar o crescimento desse "tigrecito".
A China tem promovido o desenvolvimento de IA de código aberto e manifestou interesse em compartilhar inovações tecnológicas com outras nações, especialmente aquelas em desenvolvimento. Li Qiang alertou que estabelecer monopólios tecnológicos poderá transformar a IA num exclusivo de poucos países. Em outra ocasião, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Ma Zhaoxu, denunciou o “unilateralismo e o protecionismo”, referindo-se aos esforços dos EUA para restringir a exportação de tecnologia avançada para a China, algo que Washington faz com receios sobre a utilização militar desses recursos. A escassez de 'chips' e capacidade computacional foi também apontada como um desafio importante para o futuro da indústria de IA na China.