Comemorações do Massacre de Santa Cruz no Centro Max Stahl
O Centro Audiovisual Max Stahl, em Díli, inaugura uma exposição para recordar o massacre de Santa Cruz, honrando os bravura dos jovens que lutaram pela liberdade.
 
          
          
        O Centro Audiovisual Max Stahl Timor-Leste, localizado em Díli, deu início hoje a uma importante exposição na comemoração do 34.º aniversário do massacre de Santa Cruz, que ocorreu em 1991, e aproveitou a oportunidade para prestar tributo aos jovens que perderam a vida na luta pela independência.
Esta mostra estará acessível ao público durante duas semanas, de 28 de outubro a 12 de novembro. Segundo o diretor executivo do CAMSTL, Eudicitio Pinto, o objetivo é prestar homenagem a todos os que desapareceram, faleceram, ficaram feridos ou foram vítimas da repressão.
Com a temática 'Da Tragédia à Esperança: 34 anos da jornada da nação - Santa Cruz 1991, Ferida Antiga, Novo Espírito', a exposição visa reforçar o sentimento de "nacionalismo e patriotismo" entre os timorenses e ainda promover a democracia, conforme destacou Eudicitio Pinto na abertura.
"A história é uma ferramenta vital que nos ensina com as lições do passado, orienta as nossas escolhas atuais e ajuda-nos a evitar a repetição de erros. Ela é parte integrante da nossa identidade, cultura e valores, permitindo-nos entender a evolução das sociedades", reforçou o responsável.
No dia 12 de novembro de 1991, mais de duas mil pessoas participaram de uma marcha até o cemitério de Santa Cruz em homenagem ao jovem Sebastião Gomes, que havia sido assassinado por forças indonésias em outubro. Durante este ato, militares abriram fogo sobre a multidão, resultando em mais de setenta mortos.
De acordo com dados do comitê 12 de novembro, 2.261 manifestantes participaram, 74 foram identificados como mortos no local e mais de 120 perderam a vida posteriormente, em hospitais ou devido à perseguição das forças ocupantes.
A exposição oferece aos visitantes a oportunidade de ver, ouvir e aprender sobre a memória do massacre, através de testemunhos de sobreviventes que ainda compartilham suas histórias e recordações. Eudicitio Pinto lembrou que, embora Timor-Leste tenha passado por várias tragédias durante a luta pela independência, o massacre de 12 de novembro de 1991 teve um impacto especial devido à documentação em vídeo do acontecimento.
Nas gravações, são visíveis muitos jovens – entre eles, meninas e meninos – que foram mortos ou feridos no cemitério. "É uma narrativa dolorosa do povo timorense, mas que se tornou um símbolo de esperança", conclui o diretor.
Timor-Leste foi invadido pela Indonésia em 7 de dezembro de 1975 e, ao longo desse período, cerca de 250 mil vidas foram perdidas devido a bombardeamentos, fome, doenças, tortura e execuções. O massacre de Santa Cruz provocou um impacto significativo, quebrando o isolamento imposto pela presença militar indonésia.
Desde a restauração da sua independência em 20 de maio de 2002, Timor-Leste instituiu o dia 12 de novembro como Dia Nacional da Juventude Timorense, convertendo-o num feriado nacional.