Direção das Artes destaca desafios na Rede Portuguesa de Arte Contemporânea
Américo Rodrigues, diretor-geral das Artes, sublinha a fragilidade da infra-estrutura da arte contemporânea em Portugal, revelando a necessidade de formação e parcerias para fortalecer a Rede Portuguesa de Arte Contemporânea.
 
          
          
        No 2.º Encontro da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC), que se realiza em Santo Tirso, Américo Rodrigues, o diretor-geral das Artes, trouxe à tona a preocupação sobre a "fragilidade significativa" que permeia os 97 espaços da RPAC em todo o país, especialmente aqueles sob a administração de câmaras municipais.
Rodrigues salientou a importância do programa de formação da RPAC, que revelou rapidamente a vulnerabilidade dos equipamentos municipais, em termos de manutenção, conservação das obras, e a necessidade de formação em áreas como curadoria e mediação. Este programa já envolveu mais de 200 profissionais, com um total de 500 participantes, abrangendo tanto as entidades da RPAC como técnicos das autarquias.
Desde a sua criação em 2021, a RPAC conta com 81 entidades que agregam os mencionados espaços e equipamentos, tendo agora abertas as candidaturas para a 2.ª edição do programa de apoio a projetos, com uma verba de dois milhões de euros até 5 de dezembro.
Na 1.ª edição, 19 projetos foram concedidos apoio, incluindo iniciativas da Culturgest e do Museu de Arte Contemporânea de Elvas, entre outros. Contudo, cinco propostas na 2.ª edição não obtiveram apoio.
Rodrigues anunciou novidades para esta nova fase, destacando um incentivo à circulação internacional de obras e artistas e um estímulo para a transição digital nas artes. Uma das inovações inclui a criação de parcerias para apresentação de projetos, que devem envolver, no mínimo, três entidades da RPAC, com a possibilidade de colaboração com a Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE).
A CACE, que data de 1976, passou por um longo período de estagnação antes de retomar as suas aquisições em 2019, após um clamor de artistas por medidas de apoio ao sector da arte contemporânea. Hoje, a coleção, que conta com mais de duas mil obras de variados meios e estilos, é um espelho da produção artística nacional e inclui obras de reconhecidos artistas como Júlio Pomar e Helena Almeida.
As obras da CACE estão principalmente depositadas em instituições de renome, como a Fundação de Serralves e a Câmara Municipal de Coimbra, e desde 2022, a curadoria está a cargo de Sandra Vieira Jürgens, responsável também por um programa de itinerância que levará a coleção a várias localidades do país.