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Incêndio devastador em Trancoso provoca perdas massivas na agricultura

O incêndio em Trancoso causou danos irreparáveis a produtores de castanhas e pecuários, deixando muitos sem meios para sustentar os seus negócios e animais.

há 4 horas
Incêndio devastador em Trancoso provoca perdas massivas na agricultura

O incêndio que deflagrou em Trancoso desde sábado revelou-se devastador, deixando um rasto de destruição em várias áreas do concelho. Particularmente afetados foram os agricultores de castanhas, que se viram despojados de quase toda a sua produção num dia trágico.

A conflagração começou em Freches e, em poucos dias, alastrou-se rapidamente por Mendo Gordo e Terrenho, ameaçando aldeias e colocando em risco a própria cidade de Trancoso. A paisagem resultante é horrenda, marcada por cinzas e um intenso odor a queimado, uma realidade com a qual os produtores terão de lidar nos próximos meses.

O levantamento dos danos teve início, apesar de as chamas ainda estarem ativas. No concelho, cerca de 900 produtores de castanhas geravam anualmente perto de 3000 toneladas deste fruto. Marcílio Faustino, um dos afectados, relatou a perda de cerca de 200 castanheiros, o que comprometeu a sua fonte de rendimento.

"Nos anos normais, consegui mais de 5000 euros em castanhas, este ano estarei sem nada", lamentou Faustino. Além da produção de castanhas, o fogo levou-lhe também um camião de feno que tinha adquirido.

"As minhas 80 ovelhas vão ter de passar fome, pois o pouco que há está todo comido", desabafou, enquanto aguardava por apoio da Câmara Municipal, que prometeu fornecer sacos de farinha para alimentar os animais.

José Cruz, um produtor de castanhas e jardinagem, também sofreu perdas significativas. "Perdi muitas árvores com 25 anos e vários equipamentos. O incêndio foi tão rápido que não tive tempo para salvar tudo", comentou. Ele ainda salvou sua casa, mas o susto foi grande, vendo as chamas chegarem perto.

Outros vizinhos, como Fernanda Dias, também enfrentaram perdas trágicas, incluindo a destruição de um barracão agrícola e ferramentas essenciais. "Foi angustiante ver as chamas a avançar e quase perdermos a nossa vida. Não havia quem nos ajudasse a combater o fogo", recordou.

António Santos, padeiro da região, por sua vez, confirmou que, apesar das perdas menores, a falta de alimento para os animais é preocupante. "Nunca vi algo assim em Castanheira, é desolador", referiu, evidenciando a deterioração da paisagem e o abandono das terras.

O presidente da Associação Empresarial do Nordeste da Beira, Cristóvão Santos, alertou que ainda é prematuro avaliar os prejuízos de forma precisa, dado que o incêndio ainda persiste em algumas zonas. "As zonas de Mendo Gordo e Terrenho são cruciais para a produção de castanhas e sofreram bastante com o incêndio", sublinhou.

Os impactos económicos serão significativos, com áreas flamadas e outras feridas pelo calor, que comprometem a produção tanto a curto como a longo prazo.

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