Moçambique Louva a Solidariedade da SADC na Luta Antiterrorista
O Presidente de Moçambique elogia a SADC pela sua luta contra o terrorismo em Cabo Delgado e reitera o compromisso do país em homenagear os que perderam a vida nessa causa.

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, destacou hoje a "resiliência e comprometimento" das nações da SADC na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, através de um discurso na 45.ª Cimeira Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.
"É com grande satisfação que reiteramos a gratidão do povo moçambicano pela liderança demonstrada pelos países irmãos na resposta ao terrorismo que afeta a nossa província de Cabo Delgado", afirmou Chapo durante o evento.
Com a conclusão, em junho de 2024, da missão da SAMIM, composta por militares de oito nações da região, que apoiaram as forças moçambicanas no combate aos insurgentes desde 2021, o chefe de Estado frisou que Moçambique continua a receber apoio das tropas do Ruanda e mantém estreitas operações com Tanzânia, vizinha que também lida com ameaças insurgentes.
Chapo, que participa pela primeira vez da cimeira da SADC, expressou "conforto" às nações e famílias dos que perderam a vida na nobre tarefa de enfrentar os grupos armados em Cabo Delgado, sublinhando que o país mantém viva a memória dos que "sacrificaram tudo em nome da solidariedade".
O Presidente também mencionou a prioridade do seu governo na "erradicação da ameaça" terrorista e o empenho em fortalecer as capacidades das Forças Armadas de Defesa de Moçambique para uma abordagem “mais eficaz” nesta luta, defendendo a soberania e a integridade territorial do país.
"As nossas Forças Armadas de Defesa continuam a intensificar os seus esforços para conter este crime hediondo", concluiu.
Desde outubro de 2017, Cabo Delgado, uma província rica em gás, tem enfrentado uma insurgência violenta, com ataques reivindicados por grupos associados ao Estado Islâmico. Recentes eventos, especialmente no distrito de Chiúre, resultaram em mais de 57.000 deslocados, conforme relatórios de organizações no terreno.
O recente relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) indica que as violências nos distritos de Muidumbe, Ancuabe e Chiúre provocaram o deslocamento de 57.034 pessoas, abrangendo 13.343 famílias.
O ministro da Defesa Nacional expressou sua preocupação face aos novos ataques em Cabo Delgado, afirmando que as forças armadas estão ativas na perseguição dos rebeldes. "Como força de segurança, não estamos satisfeitos com a situação atual, especialmente porque os terroristas têm conseguido entrar em zonas mais distantes das áreas de controle estabelecidas", afirmou Cristóvão Chume.
Em 2024, os relatórios indicam que pelo menos 349 pessoas perderam a vida em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, representando um aumento de 36% em comparação com o ano anterior, segundo um estudo do Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).
A 45.ª cimeira da SADC, realizada em Madagáscar, vê o país assumir a presidência rotativa da organização, sucedendo ao Zimbabué. O tema central da reunião aborda a “Promoção da industrialização, transformação agrícola e transição energética para uma SADC resiliente”.
A SADC, fundada em 17 de agosto de 1992, compreende estados como África do Sul, Angola, Botsuana, Comores, Essuatíni, Lesoto, Madagáscar, Malaui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.