Cultura

Nova peça do Teatrão e teatromosca atualiza clássicos de Eurípedes com temática contemporânea

Estreia em Coimbra a peça 'Dói-me o corpo de jazer nessa esperança', que conecta questões de tragédia antiga com a realidade atual, refletindo sobre crises contemporâneas.

O Teatrão e a companhia teatromosca juntaram esforços para criar um novo espetáculo, intitulado 'Dói-me o corpo de jazer nessa esperança', que será apresentado pela primeira vez em Coimbra, na próxima quinta-feira. Este projeto baseia-se em textos clássicos de Eurípedes, 'As Troianas' e 'Hécuba', e busca estabelecer uma ponte entre a ruína de Tróia e os dilemas enfrentados no mundo atual.

A peça, escrita por Jorge Palinhos e encenada por Marco António Rodrigues, explora a angústia moderna diante de tragédias que impactam a humanidade. Rodrigues sublinha a relevância das questões abordadas por Eurípedes, um autor considerado pacifista, que se opôs à colonização e à formação do Estado grego na época. Ele destaca que as semelhanças entre o passado grego e a realidade contemporânea são notáveis, sinalizando que “o lugar que a sociedade ocupa hoje é muito parecido com o daquele tempo”.

Além de revisitar a tragédia como algo que não é apenas um destino, o espetáculo sugere que existe a possibilidade de "reexistir" e de criar um novo mundo, repleto de utopias. Embora algumas referências contemporâneas, como histórias palestinianas e indígenas brasileiras, sirvam de base à criação, a figura da ativista afegã Zarifa Ghafari é uma das que ganha destaque na representação.

Isabel Craveiro, diretora artística do Teatrão, enfatiza que o espetáculo reflete sobre a angústia do ser humano e que as residências artísticas realizadas em diversas partes do país contribuíram para um trabalho profundo e relevante.

'Dói-me o corpo de jazer nessa esperança' estará em cena até 23 de novembro em Coimbra, antes de se trasladar para o Auditório Municipal António Silva, em Agualva-Cacém, onde fará temporada de 27 de novembro a 6 de dezembro. O espetáculo, com duração aproximada de 90 minutos, contará com sessões de interpretação em Língua Gestual Portuguesa nos dias 13 e 21 de novembro, e audiodescrição em 19 e 23 do mesmo mês.

Adicionalmente, estão programadas várias atividades relacionadas com o espetáculo, incluindo uma conversa sobre 'Neoliberalismo, e agora?', moderada por André Barata, com o professor João Rodrigues como convidado, bem como o lançamento da banda sonora original no dia 13 de novembro e uma sessão de cinema de 'O Quadrado', acompanhada de uma festa, no dia seguinte.

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