Presidente de Taiwan solicita voto contra reativação da central nuclear
William Lai, presidente de Taiwan, instou os cidadãos a votarem "não" no referendo de 23 de agosto sobre a central nuclear de Pingtung, destacando a falta de informações necessárias para uma decisão consciente.

O presidente de Taiwan, William Lai, incentivou os taiwaneses a votarem contra a reativação da única central nuclear em operação na ilha, localizada no condado de Pingtung, durante o referendo agendado para 23 de agosto. Esta informação foi avançada pelo Taipei Times.
Lai argumentou que a realização do referendo antes que o governo possa realizar as avaliações de segurança apropriadas representa "uma negação" do direito dos cidadãos de tomarem "decisões informadas". “No próximo sábado, irei votar 'não', como todos nós deveríamos fazer”, afirmou o presidente na quarta-feira, durante uma reunião do Partido Democrático Progressista (DPP), que tem promovido uma agenda de desarmamento nuclear há vários anos.
O líder também enfatizou que a posição do governo em relação à energia nuclear é clara: ela deve ser utilizada apenas se três condições práticas forem satisfatórias - garantir segurança no uso, ter um local apropriado para o tratamento de resíduos radioativos e alcançar um consenso social sobre o tema.
Adicionalmente, Lai destacou que nem a Comissão de Segurança Nuclear nem a empresa estatal Taipower realizaram inspeções de segurança no último reator em operação, o que significa que o público não tem acesso às informações necessárias para tomar uma decisão fundamentada.
O referendo, que conta com o apoio dos principais partidos da oposição, o Kuomintang (KMT) e o Partido Popular de Taiwan (TPP), questiona: “Concorda que a central nuclear de Maanshan continue a funcionar após a aprovação das autoridades competentes e sem problemas de segurança?”
Segundo a legislação eleitoral taiwanesa, a proposta para a reativação da central será aprovada se houver mais votos a favor do que contra e se estes representarem, pelo menos, um quarto dos eleitores elegíveis.
O encerramento do reator número 2 da central de Maanshan em maio representou o fim da energia nuclear em Taiwan, após a desativação progressiva dos reatores das centrais de Chinshan e Kuosheng entre 2018 e 2023.
Esta postura surge num contexto crítico para Taiwan, que depende fortemente do combustível importado, o que aumenta a vulnerabilidade da ilha a um possível bloqueio naval por parte de Pequim, que considera Taiwan uma "parte inalienável" do território chinês.