Economia

Queda nas Exportações Angolanas Atinge 17,5% enquanto Importações Aumentam 11%

As exportações de Angola desceram para 15,2 mil milhões de dólares no primeiro semestre de 2025, refletindo a dependência do petróleo, enquanto as importações dispararam.

De acordo com o Relatório Económico do 1.º Semestre de 2025, publicado pelo Centro de Investigação Económica (CINVESTEC) da Universidade Lusíada de Angola, as exportações angolanas caíram drasticamente, passando de 18,4 mil milhões de dólares para 15,2 mil milhões de dólares, uma diminuição homóloga de 17,5%. Em contrapartida, as importações aumentaram 11%, o que levanta preocupações sobre a dinâmica de equilíbrio da conta externa do país.

A balança corrente apresenta-se ainda como positiva, mas o relatório destaca uma queda expressiva nas exportações, principalmente no sector petrolífero. O economista Agostinho Mateus refere que persistem défices significativos na balança não petrolífera e nas transferências de rendimentos para o exterior.

A balança comercial não petrolífera acumulou um défice de 7,6 mil milhões de dólares, com um agravamento de 12% ao longo do semestre e 15% no último trimestre, segundo o estudo. As exportações não petrolíferas, por outro lado, registaram um crescimento modesto de 5%, alcançando 1,15 mil milhões de dólares, ao passo que as importações subiram para 8,76 mil milhões de dólares.

Essa dinâmica resultou numa diminuição da taxa de cobertura das importações pelas exportações, que caiu de 13,9% para 13,1%. Este dado evidencia a forte dependência da economia angolana em relação ao exterior.

Em termos de composição das exportações, o petróleo ainda lidera com 14 mil milhões de dólares, representando 80,6% do total das exportações do país, embora tenha sofrido uma descida de 18,9% em comparação com o ano anterior. O gás natural também contribuiu com 10,1% das exportações, beneficiando com a diminuição dos preços do petróleo.

O CINVESTEC assinala que Angola continua a ter uma estrutura exportadora altamente concentrada no petróleo, sem uma diversificação significativa, enquanto as importações demonstram uma gama mais ampla de produtos, incluindo máquinas, combustíveis e bens alimentares.

Entre janeiro e junho de 2025, a balança de rendimentos primários, que cobre salários e lucros, melhorou para um défice de 2,9 mil milhões de dólares, representando uma melhoria de 24,2% em relação ao ano passado. Durante o mesmo período, o investimento angolano no exterior subiu para 36,7 mil milhões de dólares, enquanto o investimento estrangeiro em Angola aumentou para 70,4 mil milhões de dólares.

Mateus, durante a sua intervenção, destacou que desde 2017 o investimento direto externo em Angola caiu consideravelmente, passando de 29,4 para 12,5 mil milhões de dólares, apontando para o fim da era petrolífera e uma diminuição na atratividade do país para investimentos produtivos.

O economista alertou ainda que o crescente endividamento externo, impulsionado pela expansão de empréstimos, representa uma preocupação quanto à sustentabilidade económica do país. Para o CINVESTEC, a evolução do futuro da conta externa de Angola dependerá da capacidade do governo em implementar políticas que promovam a diversificação económica, a industrialização e a competitividade.

#EconomiaAngolana #Exportações #DiversificaçãoEconómica