Cultura

Raquel Castro apresenta 'Ansioliticamente falando' no CCB a partir de 1 de novembro

A encenadora Raquel Castro estreia no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a sua nova criação, "Ansioliticamente falando", que cruza temas de ansiedade com excertos de Tchekhov.

A artista Raquel Castro sobe ao palco do Centro Cultural de Belém (CCB) em Lisboa no dia 1 de novembro para dar início à sua mais recente produção, intitulada "Ansioliticamente falando". Este espetáculo combina a exploração da ansiedade com passagens de "A gaivota", célebre obra do dramaturgo russo Anton Tchekhov.

Em declarações à Lusa, Castro revelou que a peça aborda questões relacionadas com a ansiedade, levando-a a escolher um título que reflete a essência de discutir este tema. O enredo apresenta uma encenadora, interpretada pela própria Raquel Castro, que trabalha com um elenco de atores, todos a lidar com problemas de ansiedade.

Ao longo do espetáculo, o público é convidado a explorar as várias narrativas dos personagens, que se revelam principalmente entre os membros do grupo. Raquel enfatiza que, embora a conversa sobre saúde mental tenha ganhado visibilidade, persiste um estigma que dificulta a abertura sobre estes assuntos. “A ansiedade torna-se um verdadeiro obstáculo para o espetáculo”, aponta.

"Ansioliticamente falando" desenrola-se em torno dos ensaios da peça de Tchekhov, numa dinâmica em que a tensão e a ansiedade levem a um momento catártico entre os atores, ao perceberem que todos compartilham as mesmas dificuldades.

Para distanciar-se de uma abordagem autobiográfica, Raquel Castro recorreu aos textos do clássico russo, que ressoam nas vivências da encenadora e no processo criativo que leva a cabo. A escrita de Tchekhov, marcada por um mal-estar existencial, espelha as angústias e dilemas dos personagens, ecoando na luta de Castro para produzir uma peça de repertório, enquanto, ao mesmo tempo, se vê refletida na sua própria realidade.

Questionada sobre qual personagem de "A gaivota" mais a representa, a encenadora declarou sentir-se próxima de Trigorin, em virtude da sua busca pelas dificuldades inerentes ao processo criativo.

A peça "Ansioliticamente falando" está agendada no Pequeno Auditório do CCB até 9 de novembro, com apresentações de terça a sexta às 20:00, sábado às 19:00 e domingo às 17:00. A sessão final contará com interpretação em Língua Gestual Portuguesa.

Com excertos traduzidos por António Pescada, o elenco conta com as interpretações de Paulo Pinto, Pedro Baptista, Joana Bernardo, Sara Inês Gigante, que colaborou também na criação, e Raquel Castro. A dramaturgia tem o apoio de Pedro Gil e a assistência de encenação de Pedro Russo, enquanto a cenografia é de Joana Subtil, a sonorização de Miguel Caldeira, e Miguel Sobrado Curado assume o papel de baterista.

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