Senado dos EUA avança na revogação de tarifas de Trump a aliados estratégicos
O Senado americano decidiu revogar tarifas impostas por Trump a países aliados, incluindo Japão e Coreia do Sul, contando com o apoio de alguns republicanos.
 
          
          
        O Senado dos Estados Unidos tomou hoje a decisão de anular as tarifas alfandegárias que o ex-presidente Donald Trump havia imposto a vários países aliados, incluindo o Japão, a Coreia do Sul e a União Europeia, conforme reporta o site The Hill.
Esta resolução já havia sido proposta anteriormente, tendo sido rejeitada no mês de abril, quando o vice-presidente JD Vance votou na câmara alta para garantir 51 votos em 100 senadores.
Na nova votação, quatro senadores republicanos — Lisa Murkowski, Susan Collins, Mitch McConnell e Rand Paul — uniram-se aos democratas para aprovar a moção, assim como já tinham feito no caso das tarifas ao Brasil e ao Canadá.
No entanto, a votação é considerada essencialmente simbólica, pois a resolução ainda precisa ser aprovada pela Câmara dos Representantes, onde as perspetivas de êxito são escassas.
Mesmo que aprovada pelo Congresso, as resoluções enfrentariam um veto por parte de Trump.
Num novo passo em direção à revisão da política comercial de Trump, o Senado deu luz verde à revogação das tarifas sobre importações canadenses, apenas um dia depois de ter anulado as tarifas aplicadas ao Brasil, através de uma legislação apresentada pelo senador democrata da Virgínia, Tim Kaine.
A moção foi aprovada por 50 votos a favor e 46 contra.
As resoluções, apesar de não entrarem imediatamente em vigor, servem para os democratas destacarem as divisões existentes na política comercial de Trump, especialmente entre os senadores republicanos que tradicionalmente apoiam o comércio livre.
Kaine enfatizou que estas votações pretendem abrir um espaço de debate no Senado sobre "os impactos económicos negativos das tarifas" e como a oposição à política comercial de Trump está a crescer dentro do Partido Republicano.
Trump, por sua vez, ligou as tarifas ao Brasil às políticas internas do país e ao processo judicial que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu ex-aliado.
De acordo com estatísticas oficiais, Washington registou um excedente comercial com o Brasil de 6,8 mil milhões de dólares (aproximadamente 5,8 mil milhões de euros) no ano passado.
Para impulsionar a aprovação das votações, Kaine utilizou uma legislação antiga que permite ao Congresso limitar os poderes de emergência de um presidente e que possibilita aos membros do partido minoritário forçar a votação dessas resoluções.
O Supremo Tribunal dos EUA também está prestes a analisar um caso que contesta a autoridade de Trump para aplicar tarifas extensivas, tendo tribunais inferiores já considerado muitas dessas tarifas como ilegais.
Alguns republicanos indicaram que pretendem aguardar a conclusão deste processo judicial antes de se pronunciarem contra as medidas do ex-presidente.
Kaine manifestou ainda a intenção de apresentar uma resolução que restringiria a capacidade de Trump em realizar ações militares na Venezuela, enquanto as Forças Armadas reforçam as suas operações na região das Caraíbas.
O senador sublinhou que essas iniciativas permitem aos democratas saírem da defensiva, forçando votações em áreas que podem causar desconforto aos republicanos.