Trump tenta diálogo com Kim Jong-un, mas Norte-coreano dá prioridade a alianças com Rússia e China
Durante a sua visita à Ásia, Trump manifestou interesse em encontrar-se com Kim Jong-un, mas o líder norte-coreano, fortalecido por novos aliados, pouco se mostrou interessado.
 
          
          
        O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou esta semana, durante a sua passagem pela Ásia, que está "cem por cento aberto" a um encontro com Kim Jong-un. Trump admitiu até que a Coreia do Norte é "em certa medida uma potência nuclear", uma afirmação que desafia décadas de posicionamento da política externa americana.
No entanto, a resposta do regime norte-coreano à visita de Trump à Coreia do Sul foi marcar testes de mísseis e realizar uma visita da sua ministra dos Negócios Estrangeiros à Rússia e Bielorrússia.
Seong-Hyon Lee, investigador da Universidade de Harvard, apontou que "Kim Jong-un não vê vantagens em participar em um encontro" com Trump, assinalando que Washington falhou na sua avaliação da situação.
De acordo com Lee, o mero convite por parte de Trump apenas fortalece a credibilidade do programa nuclear da Coreia do Norte.
Desde o último encontro entre os líderes, que ocorreu em 2019 na zona desmilitarizada, as relações entre os dois países deterioraram-se, com Pyongyang a declarar-se uma "potência nuclear irreversível" e a aprofundar colaborações com a Rússia.
A ex-analista da CIA, Soo Kim, salienta que o apoio da Rússia tem consolidado a posição do regime norte-coreano, que agora parece ter pouco interesse em conquistar o reconhecimento de Washington.
Com os laços com os seus aliados mais robustos, Kim Jong-un "não tem razões para trocar este novo estatuto internacional por uma mera sessão fotográfica com Donald Trump", concluiu Seong-Hyon Lee.
Recentemente, no final de setembro, Kim Jong-un expressou abertura para retomar conversações com Washington, mencionando ter "boas recordações" de Trump. O líder norte-coreano encontrou-se com Trump em três ocasiões durante o primeiro mandato do presidente, antes da quebra das negociações no Vietname em 2019, devido a desacordos sobre a desnuclearização.