"Vucic ameaça com medidas drásticas contra os manifestantes em meio à violência"
O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, promete agir contra manifestantes que acusam o governo de autoritarismo, enquanto os protestos se intensificam e resultam em confrontos violentos.

O Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, anunciou hoje que irá implementar medidas drásticas contra os manifestantes que, nos últimos nove meses, têm denunciado um governo autoritário e corrupto, chamando-os inclusive de "nazis" e "terroristas".
Durante uma conferência de imprensa, Vucic sublinhou: "Vocês verão a determinação do Estado sérvio. Faremos o possível para restaurar a ordem e a paz. Enfrentaremos todas as pressões externas e os que nos ameaçam."
A violência tem aumentado nas manifestações, que são lideradas por estudantes universitários e que culminaram em ataques à sede do Partido Progressista Sérvio (SNS), causando confrontos com a polícia e apoiantes do Presidente, resultando em dezenas de feridos e detenções.
O Ministério do Interior reportou a prisão de 56 manifestantes violentos e que seis agentes da polícia ficaram feridos durante os distúrbios que ocorreram no sábado passado em cidades como Belgrado, Novi Sad e Valjevo, onde, inclusive, o edifício do Ministério Público foi incendiado.
Vucic, que se mantém no cargo há 13 anos, descreveu os manifestantes como "bandidos" e expressou preocupação de que a situação possa escalar para assassinatos, afirmando: "Se não tomarmos medidas decisivas, eles começarão a matar-nos, digo isto sem exagero."
Embora tenha descartado a possibilidade de declarar estado de emergência, Vucic afirmou que existem outras ações que pretende tomar, e que necessita de alguns dias para preparar a resposta do Estado sob uma perspectiva legal.
O Presidente traçou um paralelo com a ascensão nazista na Alemanha, afirmando que a situação na Sérvia recorda esse período sombrio da história.
Nos últimos dias, a tensão aumentou, após relatos de que mais de 80 manifestantes foram feridos devido a ataques de membros do Sindicato Nacional Socialista dos Trabalhadores (SNSS) e da polícia contra cidadãos pacíficos.
O comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Michael O'Flaherty, expressou a sua preocupação em relação ao uso excessivo da força pela polícia e pediu às autoridades que evitem detenções arbitrárias.
O governo atribui a responsabilidade pelos atos de violência exclusivamente aos manifestantes, alegando ainda que estes contam com o apoio de países ocidentais.
O desenrolar destes protestos teve início após o trágico desabamento de um teto na recém-reformada estação ferroviária de Novi Sad, um incidente que resultou na morte de 16 pessoas. Inicialmente, as exigências focavam na responsabilização e transparência em relação ao projeto, mas rapidamente evoluíram para uma crítica ao autoritarismo do governo e um clamor pela melhoria do Estado de Direito.