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Bukele propõe remoção de limitações a mandatos presidenciais em El Salvador

O presidente Nayib Bukele argumenta a favor da reeleição indefinida, destacando que a maioria dos países desenvolvidos adota práticas semelhantes.

03/08/2025 23:00
Bukele propõe remoção de limitações a mandatos presidenciais em El Salvador

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, manifestou-se a favor da remoção dos limites de mandatos, defendendo que "90% dos países desenvolvidos permitem a reeleição indefinida de seus governantes, e ninguém se incomoda com isso". Esta declaração foi feita na rede social X (antigo Twitter), onde Bukele sublinhou a hipocrisia que surge quando um país pequeno e em desenvolvimento, como El Salvador, tenta seguir o mesmo caminho: "De repente, isso é visto como o fim da democracia".

O chefe de Estado também questionou a posição da comunidade internacional, afirmando que se El Salvador se tornasse uma monarquia parlamentar, semelhante ao Reino Unido, Espanha ou Dinamarca, ainda assim receberia críticas, e "a indignação seria expressiva".

A Assembleia Legislativa, que é dominada pelo partido Nuevas Ideas (NI), de Bukele, aprovou de forma rápida e sem debate prévio alterações constitucionais significativas no dia 31 de julho, modificando os artigos 75, 80, 133, 152 e 154. Estas mudanças abriram caminho para que Bukele pudesse candidatar-se a um terceiro mandato, embora o presidente ainda não tenha revelado quaisquer planos a esse respeito.

A câmara legislativa também introduziu uma reforma que aumenta o mandato presidencial de cinco para seis anos e elimina a necessidade de uma segunda volta nas eleições. Para a responsável pela divisão das Américas da Human Rights Watch (HRW), Juanita Goebertus, o partido de Bukele está a repetir o padrão que levou à situação da Venezuela, ao promover uma reforma que permite a reeleição indefinida.

O Escritório de Assuntos Latino-Americanos em Washington (WOLA) criticou severamente esta manipulação da Constituição salvadorenha, sustentando que as novas regras abolindo os limites de mandato são um retrocesso à democracia. A organização civil Ação Cidadã também se manifestou, argumentando que "permitir a reeleição indefinida não visa fortalecer a democracia, mas, sim, perpetuar Bukele no poder".

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