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Câmara de Lisboa limita escolha de refeições vegetarianas nas escolas e gera reação

A WWF Portugal manifesta preocupação pela nova política da CML que restringe refeições vegetarianas nas escolas, considerando-a um retrocesso nas opções alimentares.

A WWF Portugal expressou hoje a sua profunda inquietação em relação à decisão da Câmara Municipal de Lisboa (CML) que, a partir de janeiro de 2026, vai restringir as opções de refeições vegetarianas nas escolas públicas. A medida consiste em retirar a opção de pratos vegetarianos do painel de marcações, tornando-os disponíveis apenas para alunos cujas famílias se declarem formalmente vegetarianas.

A organização ambientalista destaca que a escolha imposta pela CML ignora as evidências científicas que mostram a importância de dietas variadas na saúde das crianças e o seu impacto no ambiente. Segundo a WWF, os sistemas alimentares são responsáveis por cerca de 30% das emissões de dióxido de carbono em Portugal, e a produção de carne, em particular de vaca, contribui significativamente para a pegada hídrica do país.

Além disso, a WWF Portugal salienta que uma parte significativa da carne consumida em Portugal é importada de países onde práticas de pecuária extensiva têm levado à desflorestação, pondo em risco a biodiversidade e o equilíbrio climático global.

A coordenadora de Políticas da WWF Portugal, Bianca Mattos, criticou a decisão da CML, considerando que limitar as opções alimentares apenas a famílias vegetarianas “é um grande erro e uma abordagem excessivamente restritiva”. Segundo Bianca, promover a redução do consumo de proteína animal deve ser uma escolha acessível a todas as crianças, visto que isso contribui para uma dieta mais saudável e sustentável.

A WWF Portugal argumenta que as refeições à base de proteínas vegetais, como leguminosas, são não só nutritivas e saborosas, mas também essenciais para diversificar as dietas dos alunos. A organização defende que muitas cidades pelo mundo já perceberam a importância de promover proteínas de origem vegetal e os benefícios económicos que advêm da alimentação escolar saudável, que também fomentar a agricultura local.

Bianca Mattos fez um apelo à Câmara Municipal de Lisboa para que reconsidere esta abordagem, posicionando-se ao lado de cidades mais avançadas globalmente, que integram a sustentabilidade nas suas políticas públicas.

A CML, por sua vez, anunciou aos encarregados de educação que a partir de 1 de janeiro de 2026 a opção vegetariana deixará de ser visível no painel de marcações. Esta medida está a ser contestada, levando à criação de uma petição que já recolheu mais de 3.800 assinaturas, com os pais a considerarem a decisão inaceitável e um retrocesso nas políticas de sustentabilidade e liberdade de escolha.

Em resposta, o gabinete da vereadora da Educação, Sofia Athayde (CDS-PP), garantiu que a decisão não implica o fim da escolha livre, mas sim uma clarificação das regras existentes para minimizar o desperdício alimentar na confecção das refeições.

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