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Crítica à Saúde Pública: Marcelo Rebelo de Sousa destaca falhas de gestão

O Presidente da República apontou as fragilidades da gestão da Saúde em Portugal, defendendo uma abordagem política que una setores público e privado, ao mesmo tempo que preserva a ministra da Saúde.

No passado dia 30 de outubro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez uma análise detalhada ao estado do sistema de saúde em Portugal, qualificando-o como "complicado". Em uma conferência no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, durante o encerramento de um evento sobre os 50 anos do Serviço Médico na Periferia, o chefe de Estado criticou a gestão do Governo da Aliança Democrática (AD), caracterizada por decisões "casuísticas" e soluções de curto prazo.

Marcelo sublinhou a necessidade de um "quadro geral de referência", lamentando que a falta de definição entre as responsabilidades do Governo e da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) resulte em "linhas cinzentas". Assim, cada decisão pontual não teria um objetivo claro a longo prazo e contribuía para uma "dispersão de decisões".

Num discurso que se estendeu por quase uma hora, o Presidente destacou que "este é o grande desafio" que qualquer Governo deve resolver, independentemente da sua orientação política. Chamou a atenção para a importância de uma abordagem política estável no setor da saúde, dizendo que "não se pode perder tempo" na resolução dos problemas. "As questões inerentes à saúde não devem mudar com cada novo Governo", advertiu.

Apesar das suas críticas, Marcelo decidiu "segurar" a atual ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que tem enfrentado pressão para se demitir. Ele apelou, em vez disso, a uma convergência política sobre o papel do SNS e do setor privado na saúde, destacando que a mudança constante de políticas compromete a qualidade e a eficiência do atendimento à população.

O Presidente também enfatizou a necessidade de prestar atenção aos cuidados de saúde primários, manifestando dúvidas sobre a viabilidade do recurso ao setor privado nesse âmbito, considerando-o "idealista". Para concluir, sublinhou que, sem um reforço adequado nesta área, a pressão recairá inevitavelmente sobre as estruturas hospitalares.

O discurso de Marcelo foi comentado pelo secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que afirmou que as declarações do Presidente evidenciam as falhas do Governo na política de saúde.

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