Cartazes de Ventura promovem uma retórica xenófoba que desvia atenção dos problemas económicos
A candidata presidencial Catarina Martins criticou os cartazes de André Ventura, considerando-os distrações da extrema-direita que servem para ocultar questões económicas urgentes.
 
          
          
        Catarina Martins, candidata à presidência e ex-coordenadora do Bloco de Esquerda, manifestou-se hoje em Almada, após uma visita ao hospital Garcia de Orta, sobre os cartazes da candidatura de André Ventura. Estes cartazes, que abordam temas relacionados com ciganos e Bangladesh, foram classificados pela candidata como "distrações inaceitáveis e xenófobas" da extrema-direita, que beneficiam o primeiro-ministro na tentativa de desviar a atenção dos problemas económicos do país.
Martins destacou que, em Portugal, o aumento do custo de vida está a tornar-se insustentável, especialmente nas faturas do supermercado, enquanto o Orçamento do Estado decide reduzir impostos para grandes empresas, sem aliviar o IVA sobre produtos essenciais. "O primeiro-ministro deve estar a gostar desta retórica que a extrema-direita utiliza, pois serve para esconder a realidade difícil que muitos portugueses enfrentam", afirmou.
A candidata também destacou que os cartazes de Ventura, com frases como "Isto não é o Bangladesh" e "Os ciganos têm de cumprir a lei", foram colocados na Moita, no distrito de Setúbal. Ao ser questionada sobre a intervenção das autoridades, Martins sublinhou que "a lei é para todos" e que todos os partidos, incluindo o Chega, devem respeitar tanto a constituição como a legislação nacional. "Ninguém está acima da lei", acrescentou.
Por fim, Martins fez uma comparação preocupante entre os preços dos supermercados em Portugal, que estão ao nível da Alemanha, e os salários que, segundo ela, estão na metade. Criticou a falta de reflexão do Chega ao abordar estas questões, afirmando: "Eles não colocam cartazes a dizer que os preços são os mesmos que na Alemanha, pois preferem atacar os mais fracos em vez de enfrentar os poderosos".