Governo deve assumir falhas antes de pedir apoio do PS na Saúde
José Luís Carneiro desafia o Governo a reconhecer erros nas suas políticas de saúde antes de buscar apoio do PS para um eventual acordo.
 
          
          
        José Luís Carneiro, líder do PS, manifestou hoje a necessidade de o Governo esclarecer se realmente deseja o apoio do Partido Socialista para um possível entendimento sobre a saúde. Este pedido surge após uma crítica contundente às políticas executadas pelo próprio Governo, que, segundo Carneiro, desvalorizou as iniciativas anteriores do PS na área da saúde.
Durante uma visita ao festival Amadora BD, Carneiro afirmou que, se o Governo pretende o contributo do PS, deve primeiro reconhecer as falhas cometidas. "O Executivo foi rápido em criticar as nossas ações, mas os governos socialistas apresentaram soluções e estavam em processo de reforma, que foi abruptamente interrompida pelo atual Governo, sem a devida avaliação dos resultados", explicou.
O socialista insistiu que o Governo de Luís Montenegro precisa esclarecer se realmente necessita do apoio do PS ou se preferem avançar sem este. "A impressão é que o Governo está a dispensar a nossa ajuda. Se tivessem sido mais receptivos a propostas, talvez alguns dos problemas críticos enfrentados no verão não tivessem ocorrido", salientou, referindo-se a uma proposta do PS para a gestão de emergências hospitalares.
Carneiro garante que os portugueses conhecem o compromisso do PS em buscar soluções e por isso o partido apresentou diversas medidas para melhorar a área da saúde. Questionou ainda: "Quem é o responsável por estas decisões? Não é a oposição, mas sim o primeiro-ministro, que prometeu soluções claras e, no entanto, ignorou o progresso feito até à data."
Afirmando que há um "clamoroso falhanço" na saúde, Carneiro dirigiu-se diretamente ao primeiro-ministro, acusando-o de propor cortes de 10% no Serviço Nacional de Saúde até 2026. Interpelou: "É fiável acreditar que, com um défice de dois mil milhões este ano e um défice previsto de mil milhões anuais, é possível cortar 10% na despesa da saúde? Alguns consideram que as declarações do primeiro-ministro são consistentes?"
A sugestão do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para um acordo político sobre o papel do SNS e dos setores social e privado na saúde, foi um outro ponto discutido por Carneiro. Em um evento no ISCTE, o presidente criticou as constantes mudanças de políticas de saúde e enfatizou que o Governo precisa, antes de mais, decidir se está disposto a negociar, mas deve também estabelecer claramente qual o futuro do SNS e das interações entre os diversos setores.