China adapta regras de exportação da Nexperia para mitigar crise de semicondutores
Pequim anunciou "isenções" para exportações da Nexperia, visando estabilizar a crise de chips após intervenção do Governo holandês.
Hoje, o Ministério do Comércio da China comunicou que irá introduzir "isenções" nas exportações de empresas que cumprirem requisitos específicos, em resposta à crise desencadeada pela intervenção do Governo holandês na Nexperia, cujas operações na Holanda foram afetadas desde setembro.
O ministério criticou a "interferência inadequada" do Governo dos Países Baixos, destacando que esta ação causou desorganização nas cadeias globais de produção e abastecimento. O comunicado sublinha que a China, como "nação responsável", está a examinar estratégias para assegurar a estabilidade industrial.
As autoridades chinesas incentivaram as empresas que atravessam dificuldades a contatarem o Ministério ou as entidades locais competentes, mencionando que as que apresentarem situações justificáveis poderão beneficiar de isenções de exportação.
Esta declaração representa uma mudança significativa na postura de Pequim, que havia imposto, a 4 de outubro, uma proibição às exportações da Nexperia para a Europa, como resposta à intervenção do Governo holandês. Esta medida levou à escassez de componentes eletrónicos e resultou na suspensão de produção em fábricas, como a da Honda na Cidade do México.
O timing do anúncio é relevante, surgindo logo após a vice-presidente da Comissão Europeia para a área digital, Henna Virkkunen, reiterar, numa reunião em Bruxelas com o diretor executivo da Nexperia, Stefan Tilger, a intenção da Europa de negociar uma solução diplomática.
Além disso, Bruxelas manteve diálogos técnicos com representantes chineses na sexta-feira, visando desbloquear o fornecimento, enquanto a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) alertou para suspensões eminentes nas linhas de montagem, caso o fornecimento de chips não seja restabelecido rapidamente.
O Governo neerlandês defende que a sua intervenção na Nexperia se baseou em preocupações de segurança nacional, motivadas por suspeitas de transferência de tecnologia para a China. Em contrapartida, Pequim afirmou que essa medida é uma violação das normas do comércio livre e apelou aos países europeus para que evitem práticas discriminatórias contra as empresas chinesas.
A Nexperia, com sede em Nimega e adquirida pelo grupo chinês Wingtech em 2019, é responsável pela produção de chips amplamente utilizados em veículos e dispositivos eletrónicos. A sua fábrica na China encontra-se a operar de forma limitada após a imposição da proibição de exportações pelas autoridades.