China tenta reverter a queda da natalidade com incentivos financeiros, mas jovens resistem
O governo chinês introduz subsídios por filhos, mas muitos jovens ainda rejeitam a paternidade devido a dificuldades económicas e a experiências passadas.

Na semana passada, o governo da China anunciou um novo incentivo à natalidade: um subsídio anual de 3.600 yuan (aproximadamente 433 euros) para cada criança até aos três anos, uma medida que contraria a política de filho único que vigorou durante décadas e que penalizava as famílias com mais de um filho.
Durante anos, as autoridades pressionaram os casais a limitarem-se a ter apenas um filho, impondo multas severas e, em muitos casos, forçando interrupções de gravidez ou esterilizações. Zane Li, um jovem de 25 anos, partilha a história da sua família, que enfrentou dificuldades financeiras significativas quando ele tinha apenas 9 anos e a sua irmã nasceu. A multa resultou em meses de luta e dívidas, levando-o a afirmar que ser pai não é parte dos seus planos para o futuro.
Apesar da tentativa do governo de aumentar a natalidade, Zane e outros jovens mostram-se cépticos em relação à eficácia da nova política. “Os custos de criar uma criança são enormes e 3.600 yuan por ano é uma gota no oceano”, expressou, sublinhando que a parentalidade apenas traria mais dificuldades. As preocupações em torno da instabilidade económica e o aumento do desemprego jovem transformam-se em barreiras significativas frente aos esforços governamentais.
Além do subsídio, o governo anunciou que a partir do próximo ano letivo, implementará a gratuitidade do ensino pré-escolar, uma outra medida para mitigar a crise demográfica que afeta a China, o país mais populoso do mundo após a Índia.
As projecções das Nações Unidas indicam que a população da China poderá cair dos atuais 1,4 mil milhões para cerca de 800 milhões até 2100, um sinal preocupante que torna imperativo que o governo encontre soluções eficazes. Em 2023, apenas 9,54 milhões de bebês nasceram, uma queda alarmante em comparação com os 18,3 milhões de 2016, ano em que a política de filho único foi abolida.