Djaimilia Pereira de Almeida é a laureada do Prémio Fernando Namora

O 'Livro da Doença', da autora Djaimilia Pereira de Almeida, foi o grande vencedor da 28.ª edição do Prémio Literário Fernando Namora, recebendo um prémio monetário de 15 mil euros. Esta distinção foi anunciada hoje e destaca-se como um marco significativo na literatura contemporânea.

O júri, presidido por Guilherme d'Oliveira Martins, elogiou a obra por “cativar o leitor através da sua profundidade humana e pela riqueza da construção narrativa”. O romance utiliza a primeira pessoa do singular, permitindo que a experiência pessoal da autora e as suas memórias sejam o veículo para o que se considera um forte testemunho autobiográfico.

A análise da narrativa revelou um estilo ágil e, por vezes, quase alucinatório, que nos leva a explorar os labirintos da doença psicológica, refletindo sobre comportamentos e a complexidade da vida, em particular no contexto de dramas cotidianos, como a violência colonial em Angola e o racismo em Portugal.

O júri avaliou também a obra como “violenta e esteticamente robusta em diversos registos narrativos”, sublinhando a sua importância na memória histórica da literatura em língua portuguesa.

Djaimilia Pereira de Almeida, natural de Luanda, nasceu em 1982 e é licenciada em Estudos Portugueses, com um mestrado e doutoramento em áreas literárias pela Universidade Nova de Lisboa e pela Universidade de Lisboa, respetivamente.

A autora debutou com 'Esse Cabelo' em 2015 e, no ano passado, ganhou o Grande Prémio do Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores com 'Toda a ferida é uma beleza' (2023). A sua bibliografia inclui ainda títulos como 'Luanda, Lisboa, Paraíso' (2018), 'Três Histórias de Esquecimento' (2021), 'Ferry' (2022) e 'O que é ser uma escritora negra hoje, de acordo comigo' (2023).

Este ano, Djaimilia foi também distinguida com o Prémio Vergílio Ferreira, atribuído pela Universidade de Évora, pelo conjunto da sua obra.

O júri contou com a participação de outras personalidades notáveis, como José Manuel Mendes, Manuel Frias Martins, Maria Carlos Gil Loureiro, Ana Paula Laborinho, José Carlos de Vasconcelos e Dinis de Abreu.

No ano passado, o galardão foi atribuído a Hugo Gonçalves pelo seu romance 'Revolução'.