Israel flexibiliza importações privadas para Gaza em meio à crise humanitária
O governo israelita autorizou a entrada controlada de mercadorias privadas na Faixa de Gaza, visando mitigar a grave situação de fome, segundo anunciou o Cogat.

Israel deu luz verde à entrada parcial de mercadorias privadas na Faixa de Gaza, conforme comunicado do organismo do Ministério da Defesa encarregado da administração civil do território palestiniano, conhecido como Cogat. Esta decisão surge como resposta à crítica condição de fome que afeta a população local.
“Foi estabelecido um mecanismo para recomeçar a entrada de mercadorias por via privada de forma gradual e controlada”, revela o comunicado. O principal intuito é aumentar o volume de assistência humanitária recebida em Gaza, diminuindo a dependência face à ajuda da ONU e de outras entidades internacionais.
A implementação desta medida resultou de uma decisão do Gabinete do primeiro-ministro e do trabalho prévio realizado pelos serviços de segurança. O Cogat informou que um grupo restrito de comerciantes locais foi autorizado a operar, sempre sob critérios rigorosos e com uma triagem de segurança minuciosa.
O pagamento das mercadorias terá de ser feito por transferência bancária para garantir o controlo e supervisão das operações. Entre os bens permitidos estão alimentos básicos, papas, frutas, legumes e artigos de higiene.
Todos os produtos passarão pela triagem da Autoridade de Travessias Terrestres antes de entrarem em Gaza. O exército israelita, em conjunto com o Cogat e os serviços de segurança, continuará a monitorizar a entrada de ajuda, tentando impedir que a organização terrorista Hamas se envolva na distribuição dessas mercadorias.
Ao longo do conflito, Israel impôs um cerco a mais de dois milhões de palestinianos numa área de 365 quilómetros quadrados, que já enfrenta um bloqueio de mais de 15 anos. Em finais de maio, o país levantou o bloqueio humanitário total que vigorava desde março, permitindo apenas a entrada de quantidades limitadas de ajuda, consideradas insuficientes pela ONU.
As Nações Unidas alertam para um cenário de "fome generalizada" no território, que depende quase totalmente de assistência humanitária. No início da semana, mais de 300 camiões de ajuda foram autorizados a entrar em Gaza, acima da média dos dias anteriores, com centenas de outros em espera.
Além disso, 120 cabazes alimentares foram apearados por via aérea, com a colaboração de países como os Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Alemanha, Canadá e Bélgica. Contudo, o Hamas contestou os números, afirmando que apenas 95 camiões tinham chegado, e acusou Israel de causar um clima de caos que compromete a segurança na região.
Agências da ONU estimam que são necessários pelo menos 600 camiões diários para atender às necessidades da população palestiniana.