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Milhões de mulheres afegãs sem acesso à educação: um retrocesso alarmante

A UNESCO alerta que 2,2 milhões de mulheres afegãs estão privadas de educação, o que pode custar ao país cerca de 790 milhões de euros entre 2024 e 2026.

14/08/2025 21:55
Milhões de mulheres afegãs sem acesso à educação: um retrocesso alarmante

No Afeganistão, cerca de 2,2 milhões de mulheres estão excluídas do sistema educativo além do ensino primário, segundo a UNESCO. Esta informação foi divulgada pela diretora-geral da organização, Audrey Azoulay, no âmbito do 4.º aniversário da ascensão dos talibãs ao poder, marcada por crescente discriminação contra as mulheres em diversas áreas, incluindo a educação.

Audrey Azoulay enfatizou que é crucial não abandonar as mulheres afegãs, visto que a ONU Mulheres já anunciou que a exclusão social e económica delas pode resultar em perdas de cerca de 920 milhões de dólares (cerca de 790 milhões de euros) até 2026. A representante especial da ONU Mulheres no Afeganistão, Susan Ferguson, corroborou a ideia de que esta exclusão afeta não só as mulheres, mas também as suas famílias e o desenvolvimento do país.

O investigador da UNESCO, Kyle Ferguson, sublinhou que a nova "lei da moralidade", que força as mulheres a usarem véu e restringe a sua presença na vida pública, tem contribuído para o seu desaparecimento das esferas sociais e laborais, sob pressão de normas sociais e mediáticas.

A UNESCO lançou um apelo à comunidade internacional para que mantenha a sua mobilização em defesa dos direitos educativos das mulheres afegãs, especialmente num momento em que se tenta normalizar as relações com os talibãs. Audry Azoulay relembrou que o Afeganistão é o único país que proíbe formalmente o acesso de raparigas ao ensino secundário e superior.

Desde que os talibãs assumiram o poder, foram emitidos mais de 70 decretos que violam os direitos das mulheres, incluindo o seu direito à educação. A diretora da UNESCO também chamou a atenção para a situação dos jornalistas afegãs, 80% das quais perderam os seus empregos desde 2021.

Azoulay destacou que, entre 2001 e 2021, a comunidade internacional, com o auxílio da UNESCO, teve um impacto positivo na educação no Afeganistão, aumentando o número de estudantes em dez vezes e permitindo que mais de 80% das raparigas em idade escolar primária estivessem a frequentar a escola. Contudo, desde a volta dos talibãs, estas conquistas estão a ser sistematicamente destruídas.

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