Reunião de países islâmicos em Istambul para discutir paz em Gaza
A Turquia recebe na segunda-feira uma cimeira diplomática sobre a proposta de paz dos EUA para Gaza, com a participação de vários ministros dos Negócios Estrangeiros árabes.
 
          
          
        O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Hakan Fidan, confirmou que Istambul será palco, na próxima segunda-feira, de um encontro entre chefes da diplomacia de países islâmicos. Esta reunião tem como objetivo discutir o plano de paz proposto pelos Estados Unidos para a Faixa de Gaza, conforme anunciado pelo Governo turco.
Estão previstas as presenças dos representantes de nações como os Emirados Árabes Unidos, Qatar, Jordânia, Paquistão, Indonésia, Arábia Saudita e Egito, embora alguns ainda não tenham confirmado a sua participação. Estas nações já participaram anteriormente de conversações com o presidente norte-americano, Donald Trump, em Nova Iorque, onde avaliaram a situação no enclave palestiniano.
Durante uma conferência de imprensa, Fidan referiu que "um plano de paz surgiu, oferecendo um vislumbre de esperança para todos", e destacou as questões fulcrais a serem debatidas: "Quais obstáculos impedem a implementação do plano? Quais desafios precisam ser superados?" O ministro enfatizou também a necessidade de diálogo com os aliados ocidentais e o apoio existente para as negociações em andamento.
Hakan Fidan criticou ainda o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusando-o de "tentar encontrar justificações para violar o cessar-fogo e desencadear novo genocídio às claras". Estas declarações surgem na sequência de bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, que alegam ser uma resposta a violações do Hamas da trégua, provocando a morte de mais de 100 pessoas segundo as autoridades locais.
O chefe da diplomacia turca sublinhou que o seu ministério está a trabalhar "ardentemente" para alcançar uma solução duradoura para o conflito. Além disso, o exército turco "está em discussões" sobre uma potencial contribuição para uma força internacional que possa monitorizar a trégua em vigor desde 10 de outubro, apesar da resistência de Israel.
A Turquia já enviou 81 socorristas para apoiar as autoridades palestinianas na recuperação de corpos, incluindo reféns israelitas, mas a equipa continua a aguardar permissão de Israel para aceder a Rafah, na fronteira com o Egito.
Cabe recordar que, nos primeiros dias do cessar-fogo, o Hamas libertou 20 reféns vivos, mas mais tarde apenas 17 dos 28 corpos que se procuravam foram recuperados, devidos às dificuldades em encontrar restos entre os escombros da devastação. Em troca, Israel libertou quase dois mil prisioneiros palestinianos e entregou 225 corpos.
A primeira fase do acordo, mediado por vários países, inclui a retirada parcial das tropas israelitas e o acesso de ajuda humanitária à região. Os termos da próxima fase, ainda por definir, contemplam a continuação da retirada israelita e o desarmamento do Hamas, além de planos para a reconstrução e governança futura da Faixa de Gaza.
A guerra na região teve início a 7 de outubro de 2023, após ataques do Hamas no sul de Israel, resultando em cerca de 1.200 mortos e 251 reféns. A resposta de Israel a esta ofensiva foi uma operação militar que, segundo autoridades locais, resultou em mais de 68 mil mortos e na destruição quase total das infraestruturas do enclave, forçando centenas de milhares de pessoas a fugir.