Rui Moreira opta por não se candidatar, temendo espaço político canibalizado
O autarca do Porto Rui Moreira justificou a sua decisão de não se candidatar à presidência, alertando para a possibilidade de dispersão de votos com a presença de Marques Mendes.
 
          
          
        Em Lisboa, durante a sua apresentação como mandatário da candidatura de Marques Mendes, Rui Moreira, o atual presidente da Câmara do Porto, manifestou que uma eventual candidatura sua à presidência da República poderia levar à canibalização do espaço político, dada a proximidade de princípios entre as duas candidaturas.
Moreira explicou que, após ponderação, ficou claro que tanto a sua candidatura como a de Mendes eram desnecessárias, uma vez que poderiam acabar por dispersar os votos e favorecer candidatos que, segundo ele, “desprezam a política e a veem de forma redutora”.
O autarca identificou aqueles que, na sua opinião, poderiam lucrar com uma possível candidatura sua: “Candidatos que pretendem subverter o equilíbrio de poderes e desvirtuar o regime. Aqueles que ameaçam a democracia portuguesa e a utilizam como palco para a sua egomania”, afirmou.
Rui Moreira não mencionou diretamente o Chega, mas alertou para o surgimento de narrativas extremistas e antissistémicas, que se podem categorizar como populistas. “Não há razões para escolhermos caudilhos ou líderes que se julgam providenciais. Portugal precisa de um chefe de Estado com experiência e autoridade, alguém com competências reconhecidas na política”, defendeu.
Durante o seu discurso, o autarca fez uma analogia entre as próximas eleições presidenciais e as de 1976, que foram marcadas por tentativas de subversão da jovem democracia, advertindo sobre o risco de uma “perversão do sistema semipresidencial”, advinda da eleição de candidatos que carecem de respeito pelos equilíbrios institucionais.
“Precisamos de um chefe de Estado que saiba mediar os poderes institucionais, que evite transformar a Presidência numa ferramenta de governo, e que não contribua para a tribalização da sociedade portuguesa”, concluiu Rui Moreira.