Serbs recordam tragédia de Novi Sad e intensificam reivindicações
Milhares de estudantes e manifestantes reúnem-se em Novi Sad no primeiro aniversário de um colapso que vitimou 16 pessoas, aumentando a pressão sobre o governo de Vucic.
 
          
          
        A 1 de novembro de 2024, a estação de comboios de Novi Sad sofreu o desabamento de um teto após obras de reabilitação, que resultaram na trágica morte de 16 pessoas. Para assinalar este luto, dezenas de milhares de estudantes e opositores ao Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, estão a convergir para a cidade, onde prometem uma homenagem às vítimas.
A partir dessa tragédia, uma onda de protestos massivos surgiu, com os estudantes a exigir responsabilização e transparência nas adjudicações do projeto, que envolveram empresas chinesas. Com o tempo, essas manifestações transformaram-se numa crítica ao autoritarismo do governo e num apelo pela melhoria do Estado de Direito, bem como pela convocação de eleições antecipadas.
Com a aproximação do evento de sábado, Vucic repetiu as suas ameaças, indicando que ordenaria detenções em massa se surgirem cenas de violência. O Presidente também insinuou estar em preparação uma "manifestação muito maior" por parte dos seus apoiantes, programada ainda para novembro.
Questionado sobre as manifestações de oposição, Vucic respondeu com desdém, comparando-as a um jogo de futebol e insinuando que a afluência esperada não corresponderia às expectativas. Embora muitos protestos tenham ocorrido de forma pacífica, houve alguns incidentes isolados associados a apoiantes do governo, e o clima de tensão entre os grupos opostos tem aumentado.
A repressão por parte das forças policiais tem sido severa, com centenas de opositores detidos em ações anteriores. Para a concentração de hoje, a estratégia dos manifestantes envolve reuniões em vários locais de Novi Sad, dificultando assim a intervenção policial.
A trágica queda do teto da estação é considerada uma consequência de corrupção endémica e negligência governamental. Apesar de algum avanço, como a demissão do primeiro-ministro em janeiro, ninguém foi ainda julgado ou condenado pelos crimes relacionados com a tragédia.
Enquanto Vucic descreve os protestos como uma manobra orquestrada pelo Ocidente, ao mesmo tempo que reforça laços com líderes como Vladimir Putin, a contestação em Novi Sad cresce. A cidade torna-se um novo epicentro de descontentamento, à semelhança de manifestações anteriores que reuniram grandes multidões.
Milhares de manifestantes já estão a marchar para Novi Sad, enfrentando dificuldades como o frio. A recusa de apoio logístico por parte de autoridades locais, ligadas ao partido de Vucic, não desanima os manifestantes, que estão determinados a transformar o encontro de sábado na maior manifestação da história recente da Sérvia.