Extremistas ocupam Congresso brasileiro em protesto por amnistia

Os deputados associados à extrema-direita brasileira, conhecidos como 'bolsonaristas', prolongaram a ocupação das mesas diretivas do Congresso por um segundo dia, boicotando os trabalhos até que seja discutida a amnistia para aqueles acusados de tentativas de golpe de Estado.

No dia anterior, os parlamentares haviam utilizado fita adesiva para cobrir a boca em protesto contra uma alegada censura, e pernoitaram no espaço legislativo. Hoje, alguns acorrentaram-se à mesa do presidente da Câmara dos Deputados, bloqueando o início das sessões.

Apesar de uma reunião entre líderes parlamentares para discutir a situação, ainda não há resolução. Lindbergh Farias, líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, criticou a ação: "Não dá para achar isso normal, de querer parar a atividade parlamentar à força. Foi uma chantagem. É preciso restabelecer o trabalho legislativo".

O presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciou uma sessão do Plenário para as 20h30 (hora local), enquanto no Senado, Davi Alcolumbre decidiu realizar a sessão de quinta-feira em formato remoto e endereçou um aviso rigoroso: "Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à Presidência do Senado. O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento".

Relatos do portal G1 indicam que qualquer tentativa de bloqueio do acesso às sessões resultará na suspensão dos envolvidos e possível acionamento da Polícia Legislativa.

Os boicotes têm como figura central o Partido Liberal (PL), liderado por Jair Bolsonaro, que reage à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de impor prisão domiciliária ao ex-Presidente por tentativa de golpe. Esta decisão foi motivada por uma mensagem controversa publicada por Bolsonaro, que violou restrições impostas anteriormente.

Os legisladores da oposição exigem a normalização dos trabalhos do Congresso condicionada à votação de uma série de projetos, designados como "pacote da paz", que inclui uma amnistia para os condenados por crimes relacionados ao golpismo.

A amnistia visa os centenas de 'bolsonaristas' já condenados por participação nos confrontos de 8 de janeiro de 2023, quando tentaram levar a cabo um golpe de Estado. O ex-Presidente enfrenta acusações no STF por tentar obstruir a posse de Lula da Silva, que o derrotou nas eleições de 2022.

O chamado "pacote da paz" também contempla um projeto de destituição de Alexandre de Moraes do STF e uma emenda constitucional destinada a alterar o regime de jurisdição, permitindo que legisladores e ex-presidentes sejam julgados por tribunais de primeira instância, em vez de diretamente no STF.

Acompanhe na galeria acima as imagens da ocupação e boicote perpetrado pelos parlamentares 'bolsonaristas'.