Presidente da República em foco: Catarina Martins critica falta de responsabilização no SNS
Catarina Martins questiona a postura de Marcelo Rebelo de Sousa, que prefere discutir pactos de regime a assumir a responsabilidade do Governo pela degradação do SNS.
A candidata à presidência, Catarina Martins, expressou hoje a sua perplexidade em relação à declaração do Presidente da República sobre a aparente desresponsabilização do Governo e da ministra da Saúde no que diz respeito ao deterioramento do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Encontro dificuldade em entender a posição do Presidente, que, em tempos passados, exigiu a demissão de ministros por questões semelhantes. Neste momento, Marcelo Rebelo de Sousa opta por discutir pactos de regime sem responsabilizar o Governo pelas atuais circunstâncias", afirmou Martins durante uma visita ao Centro Social S. Francisco Xavier, gerido pela Cáritas de Setúbal, que presta apoio a famílias em dificuldade e a sem-abrigo.
No encerramento de uma conferência na quinta-feira, relativa aos 50 anos do Serviço Médico na Periferia, Marcelo Rebelo de Sousa abordou o tema da saúde, referindo que há uma gestão marcada pelo "casuísmo" e por soluções temporárias, sem clareza sobre os objetivos futuros para o SNS.
Martins reforçou a necessidade de reforçar o SNS com equipas dedicadas, frisando que soluções baseadas em cortes apenas agravam a situação. Também criticou a orientação da Direção Executiva do SNS que, segundo ela, exige cortes orçamentais dos administradores hospitalares, mesmo que isso comprometa a qualidade do atendimento prestado à população. "Esta orientação é inaceitável", disse, sublinhando que o Presidente da República deveria ter uma postura mais firme sobre este assunto.
A ex-coordenadora do Bloco de Esquerda destacou que a saúde deve ser uma prioridade nacional, especialmente diante de casos críticos, como o óbito de uma grávida ocorrido na madrugada de hoje, que exemplifica a inadequação das respostas de urgência do SNS.
Relativamente à campanha eleitoral para as eleições presidenciais marcadas para 18 de janeiro de 2026, Martins lamentou que se esteja a ofender a democracia, o que impediu a discussão dos problemas que afetam a população. "Vim à Cáritas de Setúbal, pois reconheço o importante trabalho realizado junto de pessoas sem-abrigo, num país onde 20% da população vive na pobreza", concluiu.