Líder taiwanês acusado pela China de exacerbar tensões regionais
Pequim critica William Lai por suas declarações sobre a ameaça chinesa, rotulando-o de belicista e separatista, no contexto da crescente tensão entre Taiwan e a China.

A China questionou, nesta quarta-feira, as declarações do presidente de Taiwan, William Lai, durante o Fórum Ketagalan, que teve como foco temas de segurança. A porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, Zhu Fenglian, não hesitou em apelar à figura de Lai, acusando-o de "belicismo" e de "separatismo" ao "exagerar a ameaça chinesa".
Zhu Fenglian enfatizou que Lai tem mantido uma "posição separatista em relação à independência de Taiwan", indicando que o líder taiwanês tem buscado apoio de potências estrangeiras como parte de sua estratégia. A porta-voz começou a sua crítica ao afirmar que Lai tem promovido uma "narrativa distorcida que opõe a democracia ao autoritarismo", revelando o seu verdadeiro caráter como um "sabotador da paz".
Através do seu discurso, a porta-voz salientou que, no primeiro ano de mandato de Lai, a sua atuação resultou numa "desvinculação" das relações entre Taiwan e a China, afetando negativamente os intercâmbios e interações. Além disso, destacou que Lai estaria a negligenciar a economia da ilha e a pôr em risco os interesses de Taiwan, ao invés de se concentrar no bem-estar da sua população.
Zhu advertiu que aqueles que insistem na busca pela independência e no separatismo "acabarão por causar a sua própria destruição".
Durante o seu discurso, William Lai anunciou que o orçamento de Defesa de Taiwan vai corresponder a cerca de 3% do Produto Interno Bruto em 2026, mantendo valores semelhantes aos deste ano, e reafirmou o seu compromisso em preservar o "status quo" para assegurar a "paz e estabilidade" na região.
O líder taiwanês também manifestou preocupação com as operações militares da China nas proximidades de Taiwan e nos mares do Sul e Leste da China, sublinhando-as como um "desafio sem precedentes à ordem internacional baseada em regras", e pediu uma maior união entre as democracias frente à "expansão constante do autoritarismo".
De acordo com Pequim, Taiwan é uma "parte inalienável" do território chinês, e as autoridades não descartam a possibilidade de recorrer à força para concretizar a "reunificação". Nos últimos anos, a pressão diplomática e militar sobre Taiwan aumentou, com exercícios frequentes nas suas proximidades e uma crescente perda de aliados diplomáticos em favor de Pequim.
A ilha, desde 2016, é administrada pelo Partido Democrático Progressista (PDP), que alega que Taiwan se considera um país independente, sob a designação de República da China, e que o futuro da ilha deve ser determinado pelos seus 23 milhões de cidadãos.