Mulheres agredidas durante vigília pacífica por presos políticos na Venezuela
Activistas de direitos humanos denunciam ataque a 50 mulheres em Caracas por grupos armados leais ao regime, enquanto pediam a libertação dos seus familiares politicamente detidos.

Na passada terça-feira, cerca de 50 mulheres participaram numa vigília pacífica em frente ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) em Caracas, pedindo a libertação dos seus filhos, detidos desde 2024, sob a acusação de serem presos políticos. Estes detidos foram apanhados na repressão aos protestos contra os resultados das eleições presidenciais de 28 de julho do ano transato, que a oposição contesta.
O Coletivo Surgentes (CS) relatou que, por volta das 22:00 horas locais, um grupo de cerca de 70 indivíduos encapuzados, armados com armas de fogo e outros objetos, atacou as mulheres presentes. Durante o ataque, as forças de segurança da Polícia Nacional Bolivariana e do Grupo de Ações Especiais que estavam no local abandonaram a área.
O comunicado do CS descreveu a brutalidade do ataque, onde as agressões incluíram o espancamento de várias mulheres, uma delas uma mãe com um bebé e outra grávida. Além das agressões, foram também roubados diversos pertences pessoais, incluindo carteiras, telemóveis e documentos.
A ONG fez um apelo ao Ministério Público para que inicie uma investigação sobre os acontecimentos e também solicitou uma resposta da 'Defensoria del Pueblo'. Por sua vez, a organização Justiça, Encontro e Perdão expressou a sua profunda condenação à violência contra familiares de presos políticos e activistas do Comité de Mães em Defesa da Verdade, que igualmente participaram na vigília.
O Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos (Provea) criticou a inação das forças de segurança do estado, que se retiraram momentos antes do ataque, e questionou a possível cumplicidade das instituições com os grupos paramilitares. O advogado Marino Alvarado, coordenador da Provea, sublinhou que os cidadãos têm o direito de exigir, de forma pacífica, a liberdade dos seus entes queridos.
Por último, segundo dados da ONG Foro Penal, em 21 de julho, existiam 853 detenções políticas na Venezuela: 759 homens e 94 mulheres, incluindo civis e militares. A organização reporta ainda que o paradeiro de 46 destes presos políticos permanece desconhecido.