Negociações entre Tailândia e Camboja recomeçam na Malásia após conflitos mortais
Ministros da Defesa dos dois países encontram-se na Malásia para discutir a conturbada fronteira, um encontro que surge após confrontos mortais neste verão.

Hoje, os ministros da Defesa da Tailândia e do Camboja reúnem-se em Kuala Lumpur para a primeira ronda de conversações sobre uma disputa territorial que levou a confrontos mortais entre os dois países em julho, resultando na morte de 44 pessoas.
Nattaphon Narkphanit, o representante tailandês, chegou à capital malaia acompanhado de altos comandantes militares, e está agendada uma visita de cortesia ao primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, antes da reunião formal com o seu homólogo cambojano, Tea Seiha.
Os combates entre os exércitos da Tailândia e do Camboja ocorreram entre 24 e 28 de julho, ao longo da extensa fronteira de 820 quilómetros que partilham, envolvendo tiroteios e bombardeamentos.
As negociações, sob a égide do Comité Geral de Fronteiras (CGF), visam manter a paz na zona e contam com a mediação da ASEAN, com supervisão dos Estados Unidos e da China. Recentemente, as equipas técnicas do CGF de ambos os países reportaram progressos em questões cruciais, embora detalhes específicos não tenham sido divulgados.
Este encontro acontece 10 dias após a implementação de um acordo de cessar-fogo, que permanece instável, com queixas de violação das condições de paz de ambos os lados, segundo relatos vindos de Banguecoque e Phnom Penh.
O primeiro-ministro malaio expressou esperança de que as conversações levem a uma resolução duradoura, minimizando os conflitos armados e garantindo a segurança nas zonas contestadas.
As hostilidades não apenas deixaram feridos, mas também resultaram num êxodo temporário, com a Tailândia a reportar menos de 30.000 deslocados em abrigos, enquanto o Camboja tem aproximadamente 125.000 pessoas ainda em refúgios temporários, conforme números oficiais.
A fronteira disputada, traçada pela França em 1907, perpetua um conflito territorial histórico entre Banguecoque e Phnom Penh, que se intensificou desde a morte de um soldado cambojano em confrontos em maio.