Sobrevivente de Hiroshima alerta para o risco nuclear global
Toshiyuki Mimaki, sobrevivente da bomba atómica, enfatiza que vivemos tempos críticos e pede ações decisivas contra as armas nucleares.

Toshiyuki Mimaki, um dos poucos sobreviventes da devastadora bomba atómica lançada sobre Hiroshima, fez um apelo urgente ao mundo, considerando que "este é o momento mais perigoso" desde os ataques da Segunda Guerra Mundial. Com 93 anos e copresidente da organização Nihon Hidankyo, que reúne sobreviventes e foi laureada com o Prémio Nobel da Paz de 2024, Mimaki expressou as suas preocupações durante uma entrevista à Sky News, onde advertiu sobre as perigosas tensões globais, com a possibilidade de países como Rússia, Coreia do Norte e China poderem recorrer a armas nucleares.
A data que se aproxima marca o 80º aniversário do bombardeamento de Hiroshima, ocorrido em 6 de agosto de 1945, que custou a vida a cerca de 140.000 pessoas. Três dias depois, Nagasaki foi alvo de outra bomba, resultando em mais 74.000 mortes. Mimaki, que apenas tinha três anos na altura, recorda com clareza o momento em que, enquanto brincava na rua, avistou um clarão intenso no céu. "Estávamos a 17 km do hipocentro. Não ouvi o estrondo, mas pensei que fosse um relâmpago. As pessoas começaram a aparecer em massa, algumas desfeitas, a pedir água", relatou.
O ativista questiona o porquê da humanidade ter uma atração tão forte pela guerra, referindo conflitos atuais como os da Rússia com a Ucrânia e as tensões em Israel e Gaza, sublinhando a constante presença de guerras pelo mundo. "Por que é que estes seres humanos, que chamamos de animais, apreciam tanto a guerra?", indagou.
A memória da catástrofe precisa ser passada às futuras gerações, uma vez que a idade média dos sobreviventes, conhecidos como hibakusha, é atualmente de 86 anos. A Nihon Hidankyo exige que governos tomem posição e promovam o desarmamento nuclear, tentando transmitir as duras lições que os ataques trouxeram.
A tragédia que resultou das bombas atómicas não se limitou às mortes imediatas; muitos sofreram com doenças relacionadas à exposição à radiação, e os efeitos continuam a ser sentidos até hoje. No entanto, Hiroshima renasceu como uma cidade vibrante e próspera, contando agora com 1,2 milhões de habitantes, enquanto uma estrutura emblemática da tragédia, a cúpula da bomba, permanece como um lembrete sombrio do horror que ali ocorreu.